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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Qualidade na educação infantil – fundamentos, documentos e desafios



Segundo o MEC, Secretaria da Educação Básica, o debate sobre a qualidade da educação da criança até 6 anos no Brasil tem uma história. Para situar o atual momento, é necessário revê concepções e recuperar os principais fios dessa história para que a discussão atual possa dialogar com os avanços e as dificuldades anteriores, alcançando um novo patamar nesse processo de múltiplas autorias. Essa contextualização busca contemplar: 1) a concepção de criança e de pedagogia da Educação Infantil; 2) o debate sobre a qualidade da educação em geral e o debate especifico no campo da educação da criança de 0 até 6 anos; 3) os resultados de pesquisas recentes; 4) a qualidade na perspectiva da legislação atual e da atuação dos órgãos oficiais do país. Faria (1999), “A criança, assim, não é uma abstração, mas um ser produtor e produto da história e da cultura”. Olhar a criança como ser que já nasce pronto, ou que nasce vazio e carente dos elementos entendidos como necessários à vida adulta ou, ainda, a criança como sujeito conhecedor, cujo desenvolvimento se dá por sua própria iniciativa e capacidade de ação, foram, durante muito tempo, concepções amplamente aceitas na Educação Infantil até o surgimento das bases epistemológicas que fundamentam, atualmente, uma pedagogia para infância. Os novos paradigmas englobam e transcendem a história, a antropologia, a sociologia e a própria psicologia resultando em uma perspectiva que define a criança como ser competente para interagir e produzir cultura no meio em que se encontra, afirma Faria (1999).

Tiriba (2005); relata que a intenção de aliar uma concepção de criança à qualidade dos serviços educacionais a ela oferecidos implica atribuir um papel especifico a pedagogia desenvolvida nas instituições pelos profissionais de Educação Infantil. Captar necessidades que bebês evidenciam antes que consigam falar, observar suas reações e iniciativas, interpretar desejos e motivações são habilidades que profissionais de Educação Infantil precisam desenvolver, ao lado do estudo das diferentes áreas de conhecimento que incidem sobre essa faixa etária, a fim de subsidiar de modo consistente as decisões sobre as atividades desenvolvidas, o formato de organização do espaço, do tempo, dos materiais e dos agrupamentos de crianças.
Ainda segundo Zabalza (1998), três finalidades básicas podem nos mostrar como é possível uma Educação Infantil de qualidade:
1. Uma escola para a criança: a atenção é concentrada na identidade da criança, na sua condição de sujeito de direitos diversos, na consciência de si mesma, na intima relação com a sua família e a sua cultura de origem.
2. Uma escola das experiências e dos conhecimentos: a atenção concentra-se em alguns conteúdos significativos da experiência – a educação linguística, motora, musical e cientifica.
3. Uma escola baseada na participação e integrada com a comunidade: presta-se muita atenção à relação com as famílias e à gestão social e também à consciência de desejar obter uma cidade autenticamente educadora, Zabalza (1998), finaliza as três finalidades básicas, afirmando que a autonomia, identidade e competência constituem também três vertentes fortemente ligadas no processo de desenvolvimento da criança e na concepção de uma Educação Infantil de qualidade, onde a autonomia é a construção da capacidade de agir e de estar bem sozinho e de viver relações solidárias com os outros. Já a identidade, diz Zabalza (1998), é o amadurecimento de uma autoimagem positiva e um sentimento de confiança em si mesmo e nas próprias capacidades, e as competências é a construção da capacidade de interiorizar e utilizar os sistemas simbólico-culturais. Finalmente, a qualidade também esta relacionada ao próprio funcionamento das instituições e dos agentes que fazem parte das mesmas. É fundamental inserir a ação institucional em um processo de melhora da própria instituição e dos serviços que a mesma oferece. Um processo de aperfeiçoamento planejado com metas a curto, a médio e à longo prazo, afirma Zabalza (1998)
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