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segunda-feira, 23 de julho de 2007

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS



Nas últimas décadas observou-se uma grande preocupação em relação às linhas pedagógicas adotadas pelas instituições escolares. Na Educação Infantil não é diferente. O que se verifica nas creches e pré-escolas são tendências bastante distintas, que, no entanto, podem-se mesclar na prática do dia-a-dia da instituição.
Parte significativa das práticas pedagógicas em Educação Infantil tem dificuldade de considerar a criança pequena como um ser capaz e competente. Por isso, afastam o menino e a menina do mundo em que vivem e da cultura em que estão inseridos. Muito difundidas, essas práticas tendem a simplificar os conteúdos e a desconsiderar aquilo que a criança já sabe, imaginando que ela é um receptáculo vazio, que precisa receber as informações lentamente, a conta-gotas. Um exemplo é o repertório musical de instituições de Educação Infantil, pois muitos educadores, ignorando o rico cancioneiro popular brasileiro, ensinam músicas pobres e simplistas para as crianças.
Associa-se também a uma concepção ultrapassada de "pedagogia da prontidão", que compreende a pré-escola somente como uma preparação para a alfabetização e o cálculo. Não leva em conta que a criança tem uma maneira lúdica de interagir com o mundo e que a infância é um tempo em si.

No outro extremo estão práticas pedagógicas que idealizam a criança, considerando que ela tudo pode e tudo sabe. Segundo essa concepção, a criança é protagonista, e o professor não deve interferir no processo de aprendizagem. Não se valorizam as aprendizagens específicas e de conteúdos. Assim, observa-se a mesma limitação da outra prática, ou seja, não se atua no potencial de aprendizagem da criança.

Uma terceira via de ação pedagógica adotada pelas instituições assenta-se sobre a compreensão da importância das funções de "cuidar e educar" como aspectos indissociáveis no trabalho com crianças de 0 a 6 anos de idade. Esse trabalho se fundamenta numa concepção da criança como ser social, histórico, inserido na cultura e um cidadão de direitos. Os professores que se identificam com essa proposta constroem outras formas de atuar: organizam e planejam suas ações a partir do brincar, por considerá-lo uma forma privilegiada de a criança ser e estar no mundo; desenvolvem suas múltiplas linguagens – corporal, plástica, musical, oral, escrita, faz-de-conta, virtual (computador); consideram a importância da alfabetização nesta faixa etária, sem, contudo, privilegiar esse trabalho; estão atentos à curiosidade da criança e à sua necessidade de conhecer o mundo, organizando projetos transdisciplinares, envolvendo temáticas relativas à natureza e à cultura.

Esse trabalho acontece em sintonia com as necessidades básicas da criança – sono, higiene, alimentação, saúde e proteção – e voltam-se para o aprendizado do auto-cuidado por parte das crianças. Essa forma de atuar não se encontra pronta, com todas essas características, mas tem sido uma busca permanente de muitas instituições de Educação Infantil. Independentemente da concepção sobre a qual se estrutura o trabalho na instituição, é preciso entender que a criança é um ser pleno de potencialidades e que uma boa proposta pedagógica pode estimular suas capacidades e proporcionar à criança oportunidades de conhecimento e de desenvolvimento, ampliando as possibilidades de compreensão do mundo que a cerca.

Dessa forma, a escola deve propor situações que tenham sentido e significado para a criança. O professor passa a trabalhar com a resolução de problemas, tendo claro que não há uma resposta única para eles e que as crianças encontrarão caminhos e soluções individuais. Enfim, o professor passa a levar em conta que a criança tem uma forma específica de pensar e que cada uma tem uma maneira individual de compreensão.

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