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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Práticas pedagógicas devem respeitar a infância

A professora Suely Amaral Mello, na palestra de abertura do curso de formação continuada oferecido aos professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental reabriu a discussão sobre a necessidade de se mudar a concepção de criança e de infância e as práticas pedagógicas adotadas com as crianças de zero a dez anos.

"Todo cuidado é pouco por ocasião da entrada das crianças de seis anos na escola fundamental. O desafio que devemos sim enfrentar é o de articular o trabalho educativo com as crianças entre 0 e 10 anos. A escrita é uma das muitas linguagens dessa nossa cultura ´linguajeira´... e precisa ser apropriada nesse contexto e não como algo artificial que não responda a uma necessidade de expressão das crianças.

Uma concepção de infância que permita a compreensão da complexidade dos processos de aprendizagem e desenvolvimento entre zero e seis anos pode orientar uma adequada organização da escola de nove anos no ensino fundamental de modo a formar cada criança para ser um verdadeiro leitor e produtor de texto ...condição essencial para formar futuros dirigentes", alertou a palestrante.

"Em cada idade, a atividade da criança no mundo que apresentamos para ela permite a constituição de novas formações psíquicas que possibilitam uma relação cada vez mais complexa com o mundo ao redor dela. Por isso, não dá para atropelar seu desenvolvimento psíquico. Não dá pra pular a fase da comunicação emocional do bebê com as pessoas que o cuidam e colocá-lo para explorar objetos; não dá pra fazer a criança entre um e três anos parar de explorar os objetos e exigir que ela brinque de faz de conta; não adianta fazer a criança entre três e seis anos parar de brincar de faz-de-conta e começar a estudar. Isso porque em cada idade, formam-se as novas formações que criam as bases para as atividades e aprendizagens na idade seguinte", explica.

Em sua palestra, Suely alertou ainda que "sem compreender a complexidade das aprendizagens e do desenvolvimento na idade pré-escolar, hoje se vê uma corrida por antecipar o que a criança pode fazer na idade escolar para a idade pré-escolar. É preciso considerar que a escrita é uma atividade complexa que exige, além do amadurecimento do cérebro, um conjunto de funções como o controle da conduta e a função simbólica da consciência que as crianças formam no faz-de-conta. Além disso, vale lembrar que antes de aprender a ler e a escrever, se não queremos formar o analfabeto funcional, mas queremos formar o leitor e o produtor de textos, precisamos criar nas crianças a necessidade da leitura e da escrita". E acrescentou ainda, "isso não se forma com o conselho verbal ou a advertência do adulto, mas com a convivência com situações sociais de leitura e de escrita que nada têm a ver com as tarefas de escrita que a escola costumeiramente realiza", sentenciou enquanto sugeriu mudanças no ambiente das salas de educação infantil e a continuidade do "faz-de-conta" nas turmas com crianças de até dez anos. Secretarias municipais propõe regionalização

A regionalização das capacitações para professores, idade de acesso, nomenclatura, registro da avaliação e praticas pedagógicas foi proposta durante reunião dos técnicos pedagógicos das oito secretarias municipais de educação participantes do Colegiado de Educação da Amunesc, no dia 12 de junho.

Proposta pelo Colegiado de Educação, a reunião dos especialistas foi a primeira de uma série de encontros que organizará regionalmente as ações com vistas a padronização das datas de corte para aceitação da criança no primeiro ano do ensino fundamental de nove anos, que provavelmente será a mesma em 2008. A nomenclatura a ser usado nos dois primeiros anos também deve ser padronizada.

Para viabilizar tais mudanças e a avaliação descritiva no primeiro ano foi proposto um contato com a CIASC para adequação do sistema usado pelas secretárias municipais e pela secretaria de estado para registrar as informações da vida escolar dos estudantes.

Nesta primeira reunião foi feito um levantamento das datas de implantação dos nove anos nos oito municípios e constatou-se que Joinville, Rio Negrinho e São Bento do Sul foram os primeiros a implantar as turmas de seis já em 2003 e Garuva foi à última cidade a implantação tendo iniciado as primeiras turmas somente este ano de 2007.

Fonte: http://www.jornaldaeducacao.inf.br/index.php?option=com_magazine&func=show_edition&id=17&Itemid=1